Por Du Scwhab
E-mail: edschwab@hotmail.com
Vamos falar um pouco sobre Treinamento de Força para atletas de Artes
Marciais Mistas (MMA) e o grande erro cometido pela maioria dos atletas amadores
e, infelizmente, alguns profissionais.
As artes marciais mistas são um fenômeno esportivo, e como todo fenômeno, gerou uma atenção grande da mídia. As academias de ginástica e fitness aderiram à moda e as academias direcionadas a lutas proliferam exponencialmente a cada dia que passa. Mas será que os profissionais estão aptos a cuidar de todos esses alunos? Podemos adaptar os estudos já realizados no treinamento de força para esses atletas e alunos?
Mas antes preciso clarear um pouco a mente de vocês sobre o que é Treinamento Desportivo, movimento acíclico e cíclico e características fisiológicas do Vale-Tudo.
As artes marciais mistas são um fenômeno esportivo, e como todo fenômeno, gerou uma atenção grande da mídia. As academias de ginástica e fitness aderiram à moda e as academias direcionadas a lutas proliferam exponencialmente a cada dia que passa. Mas será que os profissionais estão aptos a cuidar de todos esses alunos? Podemos adaptar os estudos já realizados no treinamento de força para esses atletas e alunos?
Mas antes preciso clarear um pouco a mente de vocês sobre o que é Treinamento Desportivo, movimento acíclico e cíclico e características fisiológicas do Vale-Tudo.
O que é Treinamento Desportivo?
Alguns teóricos conceituaram de forma excelente essa ciência e dentre os mais importantes, destacam-se:
(a) Martin (1972): Treinamento é o processo que favorece alterações positivas de um estado (físico, motor, cognitivo e afetivo);
(b) Ferreira (1985): É o processo que torna o indivíduo apto para determinada atividade ou tarefa;
(c) Matveiev: O Treinamento Desportivo, como fenômeno pedagógico, é o processo especializado da educação física que tem como objetivando alcançar elevados resultados esportivos;
(d) Matveiev: É o preparo físico, técnico-tático, intelectual, psíquico e moral do atleta por meio de exercícios físicos;
(e) Tubino & Moreira (2003): Afirmam que o Treinamento Desportivo é o conjunto de procedimentos utilizados na preparação de atletas para as diversas perspectivas de exercício do direito às práticas esportivas, objetivando que o atleta chegue a melhor forma competitiva nas épocas certas das exigências esportivas.
Alguns teóricos conceituaram de forma excelente essa ciência e dentre os mais importantes, destacam-se:
(a) Martin (1972): Treinamento é o processo que favorece alterações positivas de um estado (físico, motor, cognitivo e afetivo);
(b) Ferreira (1985): É o processo que torna o indivíduo apto para determinada atividade ou tarefa;
(c) Matveiev: O Treinamento Desportivo, como fenômeno pedagógico, é o processo especializado da educação física que tem como objetivando alcançar elevados resultados esportivos;
(d) Matveiev: É o preparo físico, técnico-tático, intelectual, psíquico e moral do atleta por meio de exercícios físicos;
(e) Tubino & Moreira (2003): Afirmam que o Treinamento Desportivo é o conjunto de procedimentos utilizados na preparação de atletas para as diversas perspectivas de exercício do direito às práticas esportivas, objetivando que o atleta chegue a melhor forma competitiva nas épocas certas das exigências esportivas.
O que é movimento acíclico e cíclico e suas principais diferenças?
Leandro Paiva (2009) descreveu: “O Vale-Tudo, Jiu-Jitsu, Boxe, Muaythai, Submission Wrestling e o Grappling enquadram-se nos desportos de movimentos acíclicos, por não apresentarem repetitividade nas ações motoras (parte técnica), nem uniformidade na velocidade de execução de seus movimentos e são esportes individuais. O voleibol e o futebol, por exemplo, se enquadram nos desportos de movimentos acíclicos, mas são coletivos. Como exemplo máximo de esportes cíclicos individuais, temos a corrida e o ciclismo”.
Leandro Paiva (2009) descreveu: “O Vale-Tudo, Jiu-Jitsu, Boxe, Muaythai, Submission Wrestling e o Grappling enquadram-se nos desportos de movimentos acíclicos, por não apresentarem repetitividade nas ações motoras (parte técnica), nem uniformidade na velocidade de execução de seus movimentos e são esportes individuais. O voleibol e o futebol, por exemplo, se enquadram nos desportos de movimentos acíclicos, mas são coletivos. Como exemplo máximo de esportes cíclicos individuais, temos a corrida e o ciclismo”.
Quais são as características fisiológicas do Vale-Tudo?
Nos momentos iniciais de um combate, prevalece o metabolismo anaeróbio alático (ATP-CP). Os curtos períodos de recuperação não são suficientes para a ressíntese de creatina fosfato (CP) e, no decorrer do combate, são exigidas altas produções de potência para realização de socos, joelhadas, cotoveladas (MMA) e na tentativa de projetar o adversário ao solo (MMA, Jiu-Jitsu, Submission e Grappling). Esses golpes são desferidos com o máximo de força e velocidade, aonde os estoques iniciais de energia (ATP-CP) são depletados (períodos maiores do que 10 a 20 segundos) e, a partir daí, a energia é provida pelo sistema lático que utiliza como substrato energético os carboidratos. Mesmo sendo auxiliado pelo sistema aeróbio, o sistema anaeróbio lático não pode ser mantido por longo período, o que ocasiona um déficit de energia caso a luta ultrapasse o tempo de 2 a 3 minutos, implicando maior solicitação do metabolismo aeróbio. Isso demonstra a importância dos exercícios aeróbios, além dos exercícios utilizados para o desenvolvimento da força geral, força específica, força máxima, força absoluta, força relativa, potência e resistência muscular que correspondem às exigências específicas desta modalidade. No solo, intercalam-se movimentos dinâmicos e isométricos por meio de explosões sucessivas até ocorrer estabilização de alguma posição ou golpe de finalização, caracterizando a utilização do sistema anaeróbico lático. Em pé ou no solo, quando um golpe (soco, chute, entrada para projetar o adversário ou finalização) é explosivo, único e eficiente, o sistema determinante é o anaeróbico alático.
Nos momentos iniciais de um combate, prevalece o metabolismo anaeróbio alático (ATP-CP). Os curtos períodos de recuperação não são suficientes para a ressíntese de creatina fosfato (CP) e, no decorrer do combate, são exigidas altas produções de potência para realização de socos, joelhadas, cotoveladas (MMA) e na tentativa de projetar o adversário ao solo (MMA, Jiu-Jitsu, Submission e Grappling). Esses golpes são desferidos com o máximo de força e velocidade, aonde os estoques iniciais de energia (ATP-CP) são depletados (períodos maiores do que 10 a 20 segundos) e, a partir daí, a energia é provida pelo sistema lático que utiliza como substrato energético os carboidratos. Mesmo sendo auxiliado pelo sistema aeróbio, o sistema anaeróbio lático não pode ser mantido por longo período, o que ocasiona um déficit de energia caso a luta ultrapasse o tempo de 2 a 3 minutos, implicando maior solicitação do metabolismo aeróbio. Isso demonstra a importância dos exercícios aeróbios, além dos exercícios utilizados para o desenvolvimento da força geral, força específica, força máxima, força absoluta, força relativa, potência e resistência muscular que correspondem às exigências específicas desta modalidade. No solo, intercalam-se movimentos dinâmicos e isométricos por meio de explosões sucessivas até ocorrer estabilização de alguma posição ou golpe de finalização, caracterizando a utilização do sistema anaeróbico lático. Em pé ou no solo, quando um golpe (soco, chute, entrada para projetar o adversário ou finalização) é explosivo, único e eficiente, o sistema determinante é o anaeróbico alático.
Um recente estudo realizado por Amtmann, J.; Amtmann, K.; Spath, W.
(2008) com atletas de Artes Marciais Mistas, afirmam que, neste esporte de
altíssima intensidade, existe a prevalência do sistema anaeróbico lático, com
grande contribuição do sistema aeróbio e em determinados momentos do sistema
anaeróbio alático. Quase que a totalidade dos autores e de modelos fisiológicos
clássicos apontam uma predominância das vias anaeróbias láticas nas modalidades
de combate, mas aos poucos esse conceito esta sendo reorientado.
A via anaeróbia é determinante em atletas dessa modalidade, mas aparentemente a predominância é da via aeróbia. Alguns estudos enfatizaram esse aspecto.
No estudo realizado com lutadores de Jiu-Jitsu, verificou-se relação esforço-pausa superior a 10:1 nos combates em competição, ou seja, os atletas ficavam aproximadamente 100 segundos em atividade e tinham recuperação de apenas 10 segundos, determinando uma predominância aeróbia (DEL VECCHIO et al. 2007);
A via anaeróbia é determinante em atletas dessa modalidade, mas aparentemente a predominância é da via aeróbia. Alguns estudos enfatizaram esse aspecto.
No estudo realizado com lutadores de Jiu-Jitsu, verificou-se relação esforço-pausa superior a 10:1 nos combates em competição, ou seja, os atletas ficavam aproximadamente 100 segundos em atividade e tinham recuperação de apenas 10 segundos, determinando uma predominância aeróbia (DEL VECCHIO et al. 2007);
Em estudo realizado com atletas de elite do Judô com mais de dez anos de
prática, verificou-se que os atletas tinham alteração na forma anatômica do
músculo cardíaco, comparando-os com indivíduos não atletas. Os pesquisadores
observaram também que as alterações na morfologia cardíaca decorrente dos
longos anos de treinamento e competições eram similares às alterações
observadas com atletas de modalidades de resistência, como os corredores de
provas de fundo aonde a predominância é aeróbia (LASKOWSKI et al. 2008);
Outro estudo verificou a solicitação das vias metabólicas em 3 estímulos de 30 segundos, seguido de intervalo de recuperação de 4 minutos entre cada estímulo e observou-se que, mesmo com estes intervalos de recuperação de 4 minutos, no terceiro estímulo, a contribuição do sistema oxidativo ou aeróbio foi de 70%, ou seja, predominância aeróbia (TRUMP et al. 1996).
Outro estudo verificou a solicitação das vias metabólicas em 3 estímulos de 30 segundos, seguido de intervalo de recuperação de 4 minutos entre cada estímulo e observou-se que, mesmo com estes intervalos de recuperação de 4 minutos, no terceiro estímulo, a contribuição do sistema oxidativo ou aeróbio foi de 70%, ou seja, predominância aeróbia (TRUMP et al. 1996).
Os exercícios físicos podem ser classificados de diversas formas. No
caso específico dos exercícios de força, dentre outras, destacam-se a
classificação de acordo com os músculos envolvidos na ação (ex: exercícios de
pernas e exercícios abdominais) e a especificidade. Em relação ao treinamento
de lutadores, a classificação quanto à especificidade pode ser dividida em:
(1) não específicos, como exemplo, a extensão dos cotovelos na polia alta ou tríceps pulley;
(2) específicos como os exercícios para os músculos envolvidos na tarefa de alguma posição ou golpe, como, por exemplo, flexão do tronco “esgrimando” o braço para inverter a posição do adversário na luta de solo;
(3) exercícios esportivos com resistência adicional como a entrada de queda com o elástico (ZATSIORSKY et al. 2008).
Estes mesmos exercícios podem ser divididos em três partes: Exercícios de musculação, exercícios pliométricos e exercícios específicos.
Outro ponto importante que observo, e alguns autores relatam, com bastante frequência, é a mídia especializada em lutas abordando e demonstrando os meios e métodos do treinamento utilizados pelos atletas de alto nível de artes marciais mistas. Isso me faz questionar a sensatez dessas reportagens, pois, transmite a quem assiste que basta incorporar a qualquer rotina ou sessão de treino o método utilizado por um desses atletas de elite, e num passe de mágica, o leitor ou telespectador, conquistará o preparo físico de nível olímpico.
E é exatamente aí que vem o grande erro da grande maioria. Focar o treinamento da musculação em métodos de hipertrofia. Cargas altas, repetições baixas e descanso longo (longo para o fim desejado que é treinar para ser lutador).
(1) não específicos, como exemplo, a extensão dos cotovelos na polia alta ou tríceps pulley;
(2) específicos como os exercícios para os músculos envolvidos na tarefa de alguma posição ou golpe, como, por exemplo, flexão do tronco “esgrimando” o braço para inverter a posição do adversário na luta de solo;
(3) exercícios esportivos com resistência adicional como a entrada de queda com o elástico (ZATSIORSKY et al. 2008).
Estes mesmos exercícios podem ser divididos em três partes: Exercícios de musculação, exercícios pliométricos e exercícios específicos.
Outro ponto importante que observo, e alguns autores relatam, com bastante frequência, é a mídia especializada em lutas abordando e demonstrando os meios e métodos do treinamento utilizados pelos atletas de alto nível de artes marciais mistas. Isso me faz questionar a sensatez dessas reportagens, pois, transmite a quem assiste que basta incorporar a qualquer rotina ou sessão de treino o método utilizado por um desses atletas de elite, e num passe de mágica, o leitor ou telespectador, conquistará o preparo físico de nível olímpico.
E é exatamente aí que vem o grande erro da grande maioria. Focar o treinamento da musculação em métodos de hipertrofia. Cargas altas, repetições baixas e descanso longo (longo para o fim desejado que é treinar para ser lutador).
OK ok ok, quase todos e todas querem um corpo mais
“bonitinho” pra desfilar na praia, no shopping ou seja lá aonde for, e ninguém
discute o fator de melhoria estética de qualquer arte marcial. Mas traduzindo
tudo isso ai de cima, atletas de MMA, ou de qualquer tipo de luta precisam
focar seus treinos principalmente na capacidade de seu limiar anaeróbio também
chamado de L2, aonde o metabolismo predominante é o aneróbio lático, neste caso
, há acúmulo de lactato e H+ (hidrogênio) em nosso corpo . Na tentativa de se
desvencilhar deste excesso de H+, nós começamos a hiperventilar (respiração
acelerada) e o exercício torna-se bastante desconfortável . O L2 é muito
utilizado em treinos intervalados ou como é conhecido pelo seu nome
"chic" HIIT (high intensity interval training). Acabei de contar o
segredo...
Sabendo de tudo isso agora, você ainda acha que consegue
esse preparo físico fazendo series de supíno para hipertrofia??? CLAAAAAROOOO
que somente hipertrofia NÃO NÃO NÃO E NÃO !!!
O treinamento resistido da musculação, sendo estes de força explosiva, potência, resistência de força ou hipertrofia aliado a uma excelente periodização e suas variáveis, é importante para o ótimo desempenho do atleta de artes marciais mistas, sejam estes amadores ou profissionais. Mas, não é a cereja do bolo não...
Deixando a parte técnica (que também é treinável) de lado e sim, numa luta conta muito, quanto mais denso e pesado o indivíduo for, mais lento será. E mais energia vai gastar apenas para ficar plantado esperando ser finalizado pelo seu oponente. Praticamente um alvo estático depois de suas reservas energéticas se esgotarem. E acreditem, quanto mais hipertrofiado for o indivíduo, mias rápido elas se esgotam em exercícios de explosão e resistência de força.
Lembrem-se meus queridos e minhas queridas, ou você pode optar pela estética hipertrofiada induzida pelo treinamento de força em primeiro plano ou optar por um corpo mais leve e ágil pela sua capacidade de finalização e explosão.
E agora pra terminar vou chutar o vespeiro...
A maioria dos professores de Artes Marciais não é formada em Educação Física. Não questiono, e nunca questionarei o conhecimento da técnica adquirida por alguns ao longo de anos ou décadas, meu mais sincero respeito a todos gran-mestres, mestres, senseis e todos que vivem e sobrevivem desse maravilhoso mundo e filosofia de vida que são as artes marciais.
Mas, questiono sim, a parte de treinamento das variáveis da força, das variáveis da flexibilidade, das variáveis da coordenação motora, das variáveis de como se prevenir uma lesão por excesso de treinamento ou má postura na execução dos movimentos...
Think about it...
Bom treino a todos! Ooosssssssss
Du Schwab - Consultoria & Assessoria em treinamento físico (estético, saúde e esporte)
O treinamento resistido da musculação, sendo estes de força explosiva, potência, resistência de força ou hipertrofia aliado a uma excelente periodização e suas variáveis, é importante para o ótimo desempenho do atleta de artes marciais mistas, sejam estes amadores ou profissionais. Mas, não é a cereja do bolo não...
Deixando a parte técnica (que também é treinável) de lado e sim, numa luta conta muito, quanto mais denso e pesado o indivíduo for, mais lento será. E mais energia vai gastar apenas para ficar plantado esperando ser finalizado pelo seu oponente. Praticamente um alvo estático depois de suas reservas energéticas se esgotarem. E acreditem, quanto mais hipertrofiado for o indivíduo, mias rápido elas se esgotam em exercícios de explosão e resistência de força.
Lembrem-se meus queridos e minhas queridas, ou você pode optar pela estética hipertrofiada induzida pelo treinamento de força em primeiro plano ou optar por um corpo mais leve e ágil pela sua capacidade de finalização e explosão.
E agora pra terminar vou chutar o vespeiro...
A maioria dos professores de Artes Marciais não é formada em Educação Física. Não questiono, e nunca questionarei o conhecimento da técnica adquirida por alguns ao longo de anos ou décadas, meu mais sincero respeito a todos gran-mestres, mestres, senseis e todos que vivem e sobrevivem desse maravilhoso mundo e filosofia de vida que são as artes marciais.
Mas, questiono sim, a parte de treinamento das variáveis da força, das variáveis da flexibilidade, das variáveis da coordenação motora, das variáveis de como se prevenir uma lesão por excesso de treinamento ou má postura na execução dos movimentos...
Think about it...
Bom treino a todos! Ooosssssssss
Du Schwab - Consultoria & Assessoria em treinamento físico (estético, saúde e esporte)
Um comentário:
Otimo texto.
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