Aconteceu na última sexta (14/02) o Seminário Nacional Caixa
de Corridas de Rua, evento organizado pela Confederação Brasileira de Atletismo
(Cbat) que reuniu atletas de elite de corridas de rua, treinadores,
jornalistas, dirigentes e representantes das federações estaduais, para
discutir assuntos pertinentes à modalidade no país, sobretudo a participação
dos atletas estrangeiros em relação à legislação.
Na abertura, o Sr. José Antonio Martins Fernandes,
presidente da Cbat, falou um pouco sobre as corridas de rua no Brasil e seus
principais desafios. Dados interessantes foram apresentados das corridas no
exterior como o fato de na Espanha haver cerca de 7.500 provas de corrida de
rua por ano, na França 6.500 e em Portugal cerca de 3.000, bem a frente das
quase 1.000 que devemos ter por aqui.
Em seguida foi a vez do Professor Dr. Antonio Carlos Gomes -
superintendente de Alto Rendimento - discorrer sobre projetos da Cbat para o
descobrimento de talentos, a integração entre as provas de pista e rua, a
criação de um modelo nacional de treinamento de atletas, a divulgação das
corridas de rua no meio acadêmico e os planos de massificação da prática da
caminhada e das corridas de rua no país, com programas de desenvolvimento
sérios, contando com o apoio de todos os seguimentos envolvidos, principalmente
do Ministério da Saúde.
A ideia principal é criar um departamento nacional de
corrida de ruas na Cbat e um grande projeto nacional para incentivar a prática,
multiplicar e desenvolver pesquisas sérias, melhorando a qualidade de vida da
população brasileira através da pratica da caminhada e da corrida. Sem dúvida
um projeto bem interessante, sobretudo sendo dirigido por um profissional de
renome, experiência e respeito internacional como o Prof. Antonio Carlos Gomes.
O terceiro tema abordado foi o Combate ao Doping no
Atletismo, alterações no código mundial antidoping e novas perspectivas na
atuação da Conad/Cbat, ministrado pelo Dr. Thomaz Souza Lima Mattos de Paiva,
presidente da Conad (Comissão Nacional de Antidopagem). Foram apresentadas às
mudanças que ocorrerão a partir do próximo ano, quando a punição para casos
mais graves de doping como o uso de esteroides anabolizantes e Eritropoetina,
que voltarão a ter suspensão por quatro anos ou até mais.
Foto :José Antonio Martins Fernandes, presidente
Cbat no Seminário Nacional Caixa de Corridas de
Rua. Crédito: Marcelo Zambrana/Cbat
Falou-se muito na realização de testes fora de competição
(exames surpresa) inclusive em provas onde não houver premiação e até da
proibição do atleta utilizar as dependências do centro de treinamento da equipe
durante o período de suspensão. Em resumo, um aumento fortíssimo na caça e
punição aos atletas que tentarem levar vantagens sobre os demais participantes
através da prática suja do doping.
Na parte da tarde, após almoço oferecido aos participantes
do evento e a Cerimônia de Premiação do Ranking Caixa de Corredores de Rua
2013, o Sr. Martinho Nobre dos Santos, Superintendente Técnico da CBAT
apresentou o tema Reconhecimento Oficial de Corridas de Rua, levantando vários
itens necessários para o reconhecimento e a homologação das provas de rua, como
envolvimento do sistema de trânsito para bloqueio das vias, medição oficial dos
percursos, procedimentos para o controle antidopagem, classificação das provas
por níveis perante o Iaaf, arbitragem e várias outras exigências que garantam a
segurança dos participantes e a realização de bons eventos.
Uma das grandes reclamações dos atletas era o atraso por
parte de alguns organizadores de provas em relação ao pagamento dos prêmios,
situação que, segundo a Cbat, será resolvida com punição ao organizador que não
respeitar os prazos estabelecidos.
Ficou por último o tema mais polêmico e quente, intitulado Participação de Atletas Estrangeiros em Corridas de Rua: aspectos legais e formais, dirigido também pelo Dr. Thomaz Souza Lima Mattos de Paiva, na qualidade de Assessor Jurídico da Cbat.
Com várias discussões e opiniões divergentes, o que é comum
em se tratando de um assunto complexo como este, ficou muito claro a falta de
conhecimento da legislação por grande parte dos envolvidos, sendo que até
alguns dirigentes e organizadores de eventos não estavam cientes da
obrigatoriedade legal da apresentação de uma carta-convite, com autorização da
federação do atleta estrangeiro para que estes participem de provas no país,
tendo então direito a entrar na zona de premiação em dinheiro.
A maioria dos atletas e treinadores brasileiros quer a
participação dos atletas estrangeiros no país, desde que esta seja de forma
ordenada e dentro da lei. E foi consenso que esta participação, sem
documentação legal, sobretudo em provas regionais com baixas premiações, não
proporciona nenhuma melhora do nível técnico de nossos atletas, do contrário,
desestimula os mais novatos promissores e os mais veteranos já próximos à justa
aposentadoria.
A Cbat realizará uma assembleia interna, mas em princípio
adiantou que toda participação de atletas estrangeiros será permitida, desde
que com a apresentação obrigatória da carta convite, conforme manda a lei, com
uma cópia desta sendo obrigatoriamente enviada com antecedência a própria
entidade.
Esta abertura dada pela
Cbat foi um grande marco da nova gestão, que estreitou o relacionamento entre
diretores, atletas e técnicos, e que sem dúvidas proporcionará muitos
benefícios ao desenvolvimento da modalidade em nosso país.
Fonte: www.webrun.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário