Apesar de
cada vez mais conhecidos os benefícios do exercício físico, algo entre 70% e
80% da população continua sedentária. O órgão científico que estuda a
padronização dos testes ergométicos e ergoespirométricos é o Departamento de
Ergometria e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, que vêm demonstrando a importância da atividade física regular na
saúde pública e na prevenção de inúmeras doenças, especialmente as do sistema
cardiocirculatório.
Assim, a prática de exercícios físicos vem se tornando cada vez mais freqüente. Várias evidências científicas demonstram que indivíduos bem condicionados (que praticam esporte regularmente) têm menor mortalidade por doenças cardiovasculares.
A melhor forma de avaliar o condicionamento físico é mediante o teste cardiopulmonar de exercício, também conhecido como ergoespirometria. Nesse exame, pelo estudo do ar exalado, analisamos o comportamento dos sistemas respiratório, cardiovascular e muscular durante o exercício. Entre as inúmeras informações, uma das mais importantes é a mensuração do consumo máximo de oxigênio, o famoso VO2 máx.
O corpo humano, como qualquer máquina, necessita de energia para funcionar, energia essa gerada pela utilização de moléculas de oxigênio. Assim, quando nosso músculo entra em atividade (por exemplo, durante uma corrida), existe aumento da utilização de oxigênio, que pode ser avaliado por meio do VO2. Em geral, o VO2 de repouso é em torno de 3,5 ml/kg/min, podendo atingir valores de até 60-70 ml/kg/min no final de um exercício máximo. Em atletas de elite, até 70-80 ml/kg/min ou 5 l/min . (O VO2 pode ser expresso em unidades de litros por minuto (l/min) ou em relação ao peso corporal (ml/kg/min)). Esse consumo muscular de oxigênio depende do funcionamento adequado do sistema respiratório (troca gasosa pulmonar), do sistema cardiovascular (bombeamento de sangue rico em oxigênio para a musculatura em atividade) e do muscular. Qualquer problema nessas “engrenagens” resultará na diminuição da capacidade ao exercício e na diminuição do consumo de oxigênio (VO2).
Vários são os determinantes do VO2: funcionamento dos órgãos envolvidos diretamente na oferta de O2 aos tecidos (coração, vasos sanguíneos e pulmão), o tipo e a intensidade do exercício, o sexo (é maior nos homens), a idade (diminui com a idade), e o peso, a altura e a composição corporal (indivíduos com maior massa muscular têm maior VO2). Apesar de todas essas variáveis, o principal determinante parece ser genético. Isso explica porque alguns atletas têm condicionamento físico diferente, mesmo quando submetidos a treinamentos semelhantes.
E qual é a
sua importância? Tem sido demonstrado que o VO2 máx é o melhor parâmetro para a
avaliação da potência aeróbica (quanto mais bem condicionado o indivíduo, maior
é seu VO2 máx).
Estudos demonstram o poder do VO2 máx como um dos mais fortes preditores do risco de acidentes vasculares cerebrais. A obtenção do VO2 máx pelo teste cardiopulmonar é indispensável na indicação de pacientes para transplante cardíaco ou cardiopulmonar e para cirurgias de ressecção pulmonar.
Existem outros parâmetros relacionados ao VO2 que demonstram a evolução da potência aeróbica: são os chamados limiares ventilatórios (limiar anaeróbico I e II), que consistem em momentos metabólicos distintos durante o teste cardiopulmonar e a capacidade de remoção do ácido láctico.
A razão do VO2 no limiar anaeróbico e o VO2 máx determina o grau de ondicionamento físico de um indivíduo. Assim, essa razão abaixo de 40% indica uma provável patologia, abaixo de 50% sedentários, entre 50% e 60% ativos, entre 60% e 70% treinados, acima de 70% atletas bem condicionados. Os valores de VO2 nos limiares ventilatórios determinam as faixas ideais de treinamento físico para diferentes indivíduos.
Em nosso serviço, avaliam-se rotineiramente atletas e pacientes, antes e depois de programas de condicionamento físico, na prevenção primária e secundária, especialmente nos programas de reabilitação cardíaca pulmonar e metabólica.
Após os programas de treinamento e de reabilitação, pode-se observar o retardamento desses limiares e a nítida melhora da capacidade física objetivamente expressa pelo incremento no VO2 máx, na razão do VO2 no LV1 sobre o VO2 máx e o tempo de exercício.
Carlos Alberto C. Hossri: Cardiologista, coordenador do programa de reabilitação cardíaca pulmonar e metabólica do HCOR e supervisor do setor de ergometria e ergoespirometria do Hospital do Coração edo IDPC.
Marcelo Jacó Rocha: Pneumologista do HCOR e do Hospital das Clínicas da FMUSP, doutorando
fonte:
www.prologo.com.br
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